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| Luiz Schettini Filho |
Nasceu em Garanhuns, Pernambuco, teve sua formação escolar e acadêmica no Rio de Janeiro, onde graduou-se em Teologia e iniciou seus estudos em Psicologia, concluindo-os na cidade de Recife. Na capital pernambucana, graduou-se, também, em Filosofia.
O Prof. José Wilson dos Santos, idealizador do projeto e mantenedor dos empreendimentos AGES, proferiu a fala de abertura do evento, que, por certo, ficará marcado para os habitantes das regiões centro-sul de Sergipe e nordeste da Bahia, sobretudo, pela reflexão lançada para que voltemos os nossos olhares para o âmbito da sustentabilidade, ainda possível para o ser humano. Vejamos a mensagem: Caríssimos Participantes!
O propósito político e pedagógico do Colégio Integrado AGES, bem como da Faculdade AGES, é formar pessoas conscientes e capazes de questionar o mundo a partir de sua própria existência e da realidade local.
Ensinar ao estudante a formular perguntas inteligentes é a nossa meta, em breve espaço de tempo, ao passar pela sua vida na escola básica e superior.
Contribuir para o desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida das pessoas é a missão desta instituição.
Foi com essa premissa que nasceu o projeto do Fórum Regional, norteado por algumas indagações centrais.
O que podemos fazer como Instituição de Ensino, de forma coletiva, que possa contribuir para a formação de um pensamento sustentável para a região?
Como eleger ou selecionar temas e autoridades do saber, que atendam às necessidades da região, elemento alvo da iniciativa?
Quando será possível reunir, nesta casa, o maior número de pensadores, estudantes, professores e autoridades para o grande debate regional sobre a sustentabilidade como um desafio de todos?
Por que um fórum? Poderia ser um seminário, um congresso ou qualquer outra nomenclatura.
Decidimos pelo fórum por ser um espaço de debates, marcado por uma ideia maior, com questionamentos que não terão fim. É uma árvore de discussão em que todos assumem uma postura ativa, questionadora. Assim, a consciência crítica e coletiva vai se instalando em cada sujeito. É isso que esperamos desse empreendimento do saber.
Não obstante sabermos que de um fórum levaremos incertezas. Perseguiremos a verdade como processo de construção, pois mesmo sabendo que ela está próxima dos nossos olhos e muitas vezes não conseguimos enxergá-la em sua plenitude, fica a provocação.
Definida a programação do evento, publicada no site e em prospectos, recebi por e-mail uma mensagem de uma professora do Colégio AGES, que pareceria uma afronta:
“Professor Wilson, é só uma pergunta:
Como a Faculdade é referência e exemplo para toda a região, fiquei me perguntando quais são as suas iniciativas sustentáveis enquanto empresa, principalmente com relação ao lixo, ao consumo da água, da energia… A maneira como estão sendo conduzidos, é uma iniciativa sustentável?
Estou estudando o tema e quero estar bem informada.
Além de gostar do assunto, sei que também poderemos ser questionados sobre as nossas iniciativas sustentáveis.
Sabendo que a AGES pensa em tudo, com certeza já deve ter discutido o assunto!”
Como naquele momento não tive firmeza para a resposta, pois já passava da meia-noite, mente cansada, consciência abalada, devolvi a mensagem com outra pergunta, alimentando assim a incerteza daquela professora.
No dia seguinte, respondi que a maior iniciativa sustentável da AGES foi decidir, investir e acreditar no Fórum Regional, como instrumento de transformação, a partir de um grande debate, com foco na região, onde autoridades, somadas aos professores e estudantes, possam multiplicar e operacionalizar as ideias construídas durante esses três dias de evento.
Ratifico que sinto a necessidade de dividir responsabilidades com todos os senhores, que, como eu, nascidos na região, conhecemos e sentimos os efeitos da carência de maior clareza da nossa população em analogia ao tema em evidência, para construção de um projeto de sociedade que responda pelas necessidades das futuras gerações, já que temos o poder de transformação, pois muitos são professores e estudantes.
Onde estão as nascentes, os riachos, pássaros e as matas, apreciados em nossa infância?
Por que será que o homem do Nordeste, com a sua sabedoria popular, perdeu a capacidade de ler o clima e nega a certeza de que choverá dia de São José, início ou término da Quaresma?
O que ocorre na região, com tantos óbitos de vítimas de câncer?
Nossa região é predominantemente agrícola. Como estamos lidando com os agrotóxicos? Como estamos plantando, colhendo e comercializando os nossos produtos?
O que estamos fazendo para melhorar a consciência do agropecuarista em relação ao manejo com os animais e plantas frutíferas?
Estamos consumindo o tomate da região? Temos observado o cheiro e o sabor? Observemos, investiguemos e reflitamos!
O que têm feito as autoridades para o controle desses produtos antes do consumo?
Há poucos anos, a região se surpreendeu com uma chuva forte que levou parte de Paripiranga e aproximadamente 100 casas construídas às margens do Rio Caiçara, em Simão Dias, no vizinho estado de Sergipe. Nunca vimos isso na região. Foi uma catástrofe.
Qual a origem do problema? Desequilíbrio ambiental, ausência de planejamento urbano ou de consciência da população? Por onde começar as mudanças? Pela família, pela escola ou via decreto governamental?
Vamos imaginar o futuro dessa região, se em toda compra a loja embalar os produtos em sacos plásticos, sem um destino adequado para essas embalagens, se as redes de esgotos urbanos não tiverem uma direção e um tratamento apropriado, se as construções acontecerem sem um controle adequado, se os caçadores continuarem devorando os nossos pássaros e animais, e se os educadores, os estudantes e as autoridades não assumirem o comando do nosso planeta.
Sei que a carga e a qualidade dos conteúdos selecionados para discussão neste Fórum, a quantidade e o nível dos conferencistas convidados para condução dos trabalhos e a elevada consciência dos senhores sobre a relevância do tema, trarão grande contribuição para a nossa região.
Pensar é uma tarefa difícil, e esta é, provavelmente, a razão por que tão poucos se dedicam a ele.
Convido a todos para pensarmos um mundo melhor e uma região socialmente econômica e ecologicamente sustentável. É preciso saber cuidar como dinâmica do humano. Foi aqui que nascemos, vivemos a nossa infância e juventude. Precisamos garantir às futuras gerações a mesma condição de tranquilidade de que desfrutamos no passado.
Ainda há tempo para construção. O ser humano pode começar a mudar em qualquer fase da vida, inclusive, na terceira idade. Nós somos uma nova página a cada dia.
Desejamos que este Fórum, com sua proposta educativa e transformadora, possa trazer grandes transformações para as nossas vidas e de todos que dependem dos nossos projetos.
Entendemos a educação como um processo social, gerador de desenvolvimento. Educação não é, somente, a preparação para a vida, é a própria vida.
Desejamos a todos uma convivência saudável com os nossos colaboradores e conferencistas durante esses três dias.
Preparamos todo o ambiente, a programação científica e cultural com muito zelo para receber os senhores. Esperamos que o sonho de proporcionar felicidade, inquietação e novos olhares para a vida, para a região e para o mundo, seja concretizado.
Como idealizador do Projeto AGES e do Fórum Regional, não consigo expressar plenamente o sentimento de realização frente aos senhores que acreditaram no ousado projeto de educação e transformação, na abertura desse evento, que previa, no máximo, 1000 pessoas, mas que ultrapassa 1800 inscrições.
Quero partilhar essa felicidade com os nossos colaboradores, a comissão científica, as comissões de cultura, recepção, lazer e alimentação, e, de igual modo, com os expositores da feira sustentável, com os prefeitos, secretários de educação e saúde que acreditam no projeto e na possibilidade de transformação da região.
Quero dividir o sonho de transformação por um mundo melhor com os conferencistas e convidados, politicamente comprometidos com o ser humano e com a sustentabilidade.
Não citarei nomes para não correr o risco de deixar de registrar pessoas e projetos de elevado significado para este evento.
Finalizo com um pensamento de Rubem Alves, que retrata os propósitos do Fórum Regional e da Faculdade AGES, para a nossa reflexão:
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.
A ESCOLA SAGRADA FAMÍLIA AGRADECE A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E A PREFEITURA PELA INCLUSÃO NESTE FORUM. OBRIGADO, SECRETÁRIA GILDETE E PREFEITO NEGO! |
Este grande evento promoveu a troca de informações entre três setores: governo, instituições privadas e sociedade, sob a ótica dos eixos temáticos: economia, ambiente e sociedade para a compreensão do conceito da sustentabilidade. O evento aconteceu nos dias 10, 11 e 12 de abril, no Campus da Faculdade AGES.
